quinta-feira, 1 de maio de 2008

A mina das Rimas

Vou postar uma reportagem sobre a Negra Li bem antiga, de lá pra cá muita coisa mudou, mas é bem legal pois ressalta a mulher incrível que ela é.

Quem vê aquela charmosa rapper cantar Não É Sério no Acústico MTV Charlie Brown Jr. se pergunta o que o vocalista Chorão faz ali. A voz de acento soul de Negra Li, de 24 anos, preenche a canção e literalmente rouba a cena. Está habituada.

Participações especiais nos CDs e nos shows do RZO, trio de rap de Pirituba, Zona Oeste da capital, serviram para transformá-la em musa de jovens da periferia. "Ela sabe impor respeito, não tem aquilo de o público ficar chamando de bonitona", diz Hélio Barbosa dos Santos, o Helião, um dos integrantes do grupo.

Liliane de Carvalho virou Negra Li sete anos atrás, quando aceitou a proposta de trabalhar com o RZO. Anos depois, os três rappers foram convidados a participar do terceiro CD da banda santista Charlie Brown Jr. e levaram a amiga. O líder Chorão ofereceu-lhe um rap para gravarem juntos, mas a moça não gostou da música. Convenceu os anfitriões a acrescentar uns versinhos, compostos e cantados por ela, em uma das faixas. O disco Nadando com os Tubarões saiu em 2000, o tal rap ficou de fora e Não É Sério consagrou-se como hit nacional. "Li tem beleza e talento, mas é a atitude que faz a diferença", elogia Chorão. Na gravação do Acústico MTV, em agosto, a dupla recriou ao vivo a dobradinha. O especial televisivo popularizou a voz, os 56 quilos e o 1,68 metro da cantora de rosto angelical. "As pessoas me olham curiosas, mas devem pensar que estrela de TV não anda de busão", diverte-se ela, que leva uma hora para ir de ônibus de sua casa na Vila Brasilândia, Zona Norte, até a Rua Oscar Freire, onde estuda piano de segunda a quinta.

Negra Li ainda faz aulas de técnica vocal, participa como solista do coral da USP e canta nos shows do RZO duas vezes por semana. Gravadoras acenaram com a possibilidade de um disco-solo, mas ela recusou. "Não chegou a hora, tenho muito a aprender", desconversa. De família evangélica, a cantora cresceu sem aparelho de som nem televisão. De música, conhecia apenas os hinos da igreja, que abandonou aos 10 anos. Mas até hoje reza antes de subir ao palco. Mora com a mãe, uma irmã e um sobrinho. O irmão mais velho está preso por porte de drogas. A criminalidade também levou o amigo Sabotage, assassinado em janeiro. A exemplo dela, esse rapper paulistano havia começado a carreira ao lado do RZO. Em seu elogiado álbum de estréia, Rap É Compromisso (2001), dividia com Negra Li os vocais na faixa-título. Ela segue em frente. Em breve, marca presença nos CDs do SP Funk, do Sambatronik (projeto eletrônico que envolve ritmistas da Vai-Vai) e em um comercial do Greenpeace. Essa versatilidade já a levou a espaços de espetáculos tão distintos quanto o Sesc Pompéia, o Credicard Hall e o Anhembi. Com uma agenda atribulada assim, não sobra muito tempo para namorados. "Sou romântica, mas não tenho pressa", afirma. "Quando encontrar o cara certo, sei que será para sempre."

fonte: http://veja.abril.com.br/vejasp/221003/musica.html

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