segunda-feira, 2 de julho de 2012

A maturidade do soul nacional

Rafael Braz rbraz@redegazeta.com.br

Quando a reportagem tentou agendar entrevista com Negra Li para uma quinta-feira pela manhã, sua assessora nos avisou que ela não falaria com ninguém antes de meio-dia. Uma decisão compreensível; no dia anterior à entrevista, o Corinthians, time do coração da cantora, disputava o primeiro jogo da final da tão sonhada Taça Libertadores da América contra o temido Boca Juniors, da Argentina.

“Nossa... Sofri demais. Já tinha até desistido e desligado a televisão quando ouvi o barulho da vizinhança. Achei que tinha sido gol do Boca, mas era do Timão”, conta Negra Li em entrevista ao C2 para divulgar “Tudo de Novo”, seu segundo disco solo, que chega às lojas seis anos depois do sucesso de “Negra Livre”, que lhe rendeu um disco de platina por mais de 200 mil cópias vendidas.



O trabalho tem produção e direção musical de Rick Bonadio e, como a própria Negra Li gosta de dizer, traz uma cantora muito mais madura a confiante. “Olho para os discos lá atrás e vejo uma menina. Essa maturidade faz a diferença. Hoje sou uma mulher casada, mãe, com família construída. Muda muito. Já ouvi os dois discos em sequência e a diferença é enorme. A mulher passa por uma metamorfose muito grande no amadurecimento”, explica.

De fato, “Tudo de Novo” é bem diferente dos trabalhos anteriores de Negra Li. Aquela jovem que apostava no rap nem dá as caras por aqui. O disco é basicamente pop, mas flerta com elementos de R&B (nas vozes), reggae, baladas românticas e, principalmente, música negra brasileira.

“Era nossa ideia desde o início. A música negra faz parte da MPB e dá a liberdade para a gente brincar com muita coisa. O Rick (Bonadio) também se realizou com o disco e até fez alguns ‘scratches’”, revela a cantora, que afirmou ter se inspirado nos discos da americana Joss Stone e nos clássicos da gravadora Motown durante a gravação.

Composição

Mesmo que tenha se consagrado como intérprete, Negra Li também dá as caras como compositora em “Tudo de Novo”. Em meio a canções de Sérgio Britto (Titãs), Di Ferrero e Gee Rocha (NX Zero), Rick Bonadi, Edgard Scandurra, e outros, a cantora assina “Volta Pra Casa”, uma das músicas mais interessantes do disco, com baixo e bateria inspirados no reggae e uma melodia vocal R&B norte-americano.

“Eu me firmei como intérprete. Essa música aconteceu. Um amigo já tinha escrito uma parte dela e eu acabei escrevendo no carro, enquanto ia para uma aula de canto. Quem sabe nos próximos trabalhos não grave outras?”. Apesar da vontade, Negra Li não pensa em apressar o processo.

Para ela, trabalhar com canções de outros compositores é tão prazeroso quanto escrever. “Os caras são monstros. As músicas do Sérgio são lindas e o Rick escreveu uma música pensando em mim e na minha família. Isso é muito lindo”, afirma.

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