Lívia Machado
Do G1, em São Paulo
Alçada à fama como uma garota do rap em 2004, Negra Li quer espaço nas prateleiras de discos de MPB. “Sentia dificuldade em receber músicas de compositores, pois era vista como rapper. Queria mudar esse estigma. Fiz um CD oitentista, e quero me firmar como cantora de música popular”, explica ao G1. Inspirada em Michael Jackson, Stevie Wonder e nos clássicos da gravadora americana Motown, ela lança “Tudo de novo”, seu terceiro CD.
Nos seis anos de hiato, petiscou em diversas vertentes com participações especiais. Cantou com Belo, Martinho da Vila, Skank, Jeito Moleque, Pitty e Charlie Brown Jr, entre (muitos) outros. Em 2011, procurou o produtor Rick Bonadio com o desejo de vingar como cantora de música popular brasileira. “Eu tinha vontade de uma coisa, mas fui levada para outra. Estava fazendo show com DJ em baladas. Mas queria mesmo era cantar com o público prestando atenção em mim, sentadinho."
O trabalho de garimpo das canções foi feito por Bonadio. O produtor pediu aos colegas Sergio Britto, Edgar Scandurra, Maurício Bressan e Leandro Lehart que enviassem composições. Gee Rocha e Di Ferrero, do NX Zero, também contribuiram. Além das encomendas, propôs uma versão soul de “Fotografia”, sucesso de Leoni e Leo Jaime.
Ele também fez uma música para a cantora. “Hoje eu só quero ser feliz”, segundo Negra Li, foi inspirada na relação que ela tem com a filha, Sofia, de três anos, e o marido. “Minha família esteve presente nas gravações e o Rick viu a sintonia. Ele fez do jeito que sempre tive vontade de escrever para eles, mas não consigo compor sobre um tema que me cobram. Desde que minha filha nasceu perguntam se não vou fazer uma canção para ela.”
Apesar dos bloqueios artísticos, Negra Li conseguiu finalizar uma música em parceria com o amigo Khristiano Oliveira, a única autoral dentre 11 faixas do disco “Tudo de novo”. “O novo é o desejo que tenho de mostrar que posso mais do que o rap, lançar um produto sem rima, mostrar que sou versátil, tenho bagagem.”
A cantora espera que o empurrão dado por Bonadio renda parcerias em breve. “Precisei de ajuda pra buscar um material bacana de MPB. Buscava músicas que tivessem potencial para minha voz. Espero que os compositores me procurem para oferecer canções.”
Para a fase mais intimista, Negra Li tem como referência Marisa Monte. “Ela faz um som impecável. Some, mas sempre volta bem.” O visual no novo disco lembra Paula Lima. "Acho que somos parecidas no cabelo, estilo. Admiro a Paula, mas ela dialoga com o samba rock. Agora sou mais soul, menos dançante. Mas a comparação me deixa honrada."
Apesar de coringa das participações especiais nos últimos anos, deseja gravar com Caetano Veloso e Jorge Ben Jor. “Se eu pudesse, cantaria um pouco de tudo. Funciono bem em qualquer vertente e procuro fazer parcerias com quem admiro. Aceitei muitos convites, mas recusei ofertas também.”
Em agosto, estreia no teatro. Ela viverá a Rainha branca no musical infantil "O chapeleiro maluco". "Os produtores pensaram em mim, na [cantora] Luciana Melo e na [atriz] Adriana Lessa. Na época, minha agenda estava livre, e aceitei na hora o convite. Agora terei que conciliar com o lançamento do disco."
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