Nos anos 70, o black power carapinha e redondo, adotado pela ativista negra Angela Davis, era componente forte de sua personalidade e tinha uma conotação mais política do que estética. Da militância negra para o pop, o cabelo armado coroou os irmãos do grupo musical Jackson Five e, hoje, modelos, atrizes e cantoras resgatam o look, como a atriz Halle Berry, a cantora Macy Gray (atualmente com o cabelo liso e curtinho) e a baixista acústica Esperanza Sparling. Por aqui, só para citar alguns exemplos, as cantoras Elza Soares e Negra Li lançam moda e desfilam cheias de charme com seus blacks.
Basta dar um giro pelo Google para conferir os looks da cantora Negra Li. Já usou tranças, depois, em 2007, desfilou irreconhecível com cabelos longos e ondulados - como as cantoras norte-americanas do hip-hop - e nos dias atuais investe no black power. "Gosto de variar. Quando alisei e tingi de mel, curti muito. O liso é o desejo de muitas mulheres, negras ou brancas."
Mas engana-se quem pensa que o black power, a cargo do profissional Wagner Moraes, não dá trabalho: "Além do corte, que deve ser feito de maneira certa, é preciso alguns cuidados. Como meus cabelos são muito finos e os fios se quebram com facilidade, lavo duas vezes por semana. Uso um creme sem enxágue e passo um gel, que o deixa jeitoso por até dois dias." Para enfeitar e variar o penteado, a cantora usa e abusa dos grampos.
Conciliar vida pessoal e a imagem profissional é um desafio para quem trabalha na frente das câmeras, como lembra Adriana Couto, uma das apresentadoras do Jornal da Cultura. Com olhos grandes, sorriso largo e um black bem comportado, em tons de caramelo claro, conta que já experimentou vários looks. Avessa a patrulhamentos, lembra que o cabelo étnico alisado - por vezes alvo de críticas - nada mais é do que uma conquista da mulher negra: "Quero ter a liberdade de escolher o liso ou o crespo!", comenta, apontando o leque de possibilidades que a estética moderna oferece nos salões e prateleiras.
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